quarta-feira, 3 de março de 2010

Do dia que não posso esquecer

Não posso esquecer o dia de hoje. Sei que devo a meu blog, eu sei também que é só um blog, mas eu me cobro. Por que??? É uma característica minha. Ser sistemática com uma inclinação à auto-cobrança exagerada, principalmente pelas coisas que não faço.
Hoje li coisas que me inspiraram.
Mas preciso lembrar do dia de hoje, não deixar as coisas caírem no esquecimento como sempre acontece o tempo todo. O tempo, um cordão esticado que muda de números e cores que não podemos decorar, esquecemos... Isso assusta.
Ontem e antes de ontem me senti extremamente mal, de mau humor e entediada da vida. "Vontade de correr louca!" Mas não de triste. Era um sentimento meio hippie, algo do gênero.
Hoje conheci o seu Santino e ele me fez lembrar que eu sou uma menina mimada que tem tudo o que quer e o que precisa, que não sabe dar o devido valor às coisas, que reclama sem parar, fala demais, nunca se concentra, não produz, que ignora sua alma e essência e por isso sofre e que vive apenas para satisfazer necessidades imediatas, quando poderia ser mais dedicada e profunda aproveitando assim os dons que Deus lhe deixou.
Vamos à história de seu Santino Costa.
Resmungava no trabalho pois não tinha almoçado ainda, quando saí por volta de uma da tarde para ir ao restaurante apressada como sempre. No caminho em meio aos pensamentos bobos de uma voz penetra meu mundo ao que entendo "tem uma moedinha para eu almoçar?". Automáticamente respondo "não", e dou três passos à frente, quando mais automáticamente percebo o que acabei de fazer, lembro-me bem de ter uma nota de cinquenta reais na carteira. A fome dói! E um pensamento realmente meu e não automático me faz lembrar que não se pode negar comida, não porque Deus disse, mas porque a fome dói, e eu já experimentei. Deus que me livre de negar algo como comida.
Volto-me e digo, o senhor ainda não almoçou? E ele obviamente diz que não.
O convido a almoçar comigo, ele totalmente sem jeito diz que não. Eu insisti.
Ao chegar em frente ao Casa Nova ele resiste em entrar e diz que este restaurante é caro (apesar de ser um lugar simples, mas com seu charme). Eu tenho que insistir novamente e dizer que não, que ele não se preocupasse.
Até aí ainda não tinha perguntado o nome do senhor. Depois que nos servimos conversamos bastante. Notei alguns olhares espantados das pessoas dentro do restaurante. Tudo bem, isso é norma, as pessoas são assim mesmo.
Senhor Santino perguntou muito sobre mim, e ficou especialmente espantado com minha idade.
Ele era tão calminho e legal. Gostaria de ter tirado uma foto dele, nem lembrei na hora.
Eu queria tanto que esse dia não fosse esquecido como todos os outros. Queria tanto poder lembrar das palavras do seu Santino e me sentir agradecida sempre pelo que ele me ensinou. Me sentir disposta como estou agora, o que tem sido raro nestes últimos dias... Não que eu sinta preguiça, o que me mata é a impaciência que sinto.
Mas eu estou bem agora, muito bem. Um pouco triste, é verdade. Mas é que se dizer feliz é ser muito egoísta, não tem como se sentir feliz no mundo em que a gente vive. Não tem como ser feliz convivendo com o sofrimento humano. Mas tem como se sentir ao menos o suficientemente bem, para não desistir de tudo, e manter um pouco de esperança de que um dia as coisas vão mudar.

Nenhum comentário: